sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Baunilha, Flocos e Morango.


Naquela tarde, o que mais queria era que passasse um caminhão de sorvetes por ali...
Desejava um de flocos, dois de morango e três de baunilha, embora não gostasse do sabor de morango, o queria apenas para comer mais...
Enquanto não aparecia nenhum sorveteiro, fumava sem parar, falava sem fumar, fumava pra falar.
Falava sozinha, o que não tirava sua empolgação, conversou sobre vários assuntos, falou sobre estudos, sobre traição, pobreza, criança de rua, descrença e religião.
Quando notou, já estava escuro, o sol tinha se escondido dando tchau atrás do muro e a lua fez a curva se instalando do lado oposto.
Sentiu a mão em seu rosto, e quando se virou, teve a certeza de que era alucinação, quis tocar, apertar, esmagar, esfregar para ter a certeza de que os cigarros não tinham afetado sua mente. E então sentiu a pele quente e macia...
A barba que a pinicava, a mão que tremia. Não queria mais sorvete, nem de morango, nem de baunilha.