sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Cachudinho - Mãos de Seda

Encontrei-o quando não procurava por nada, digo de coração, não queria nada com nada.
Quando me deparei com algo que faria com que me senti-se viva novamente. Não que eu estivesse morta, e nunca me senti assim, mas dali por diante eu entenderia o verdadeiro sentido da vida, e de tudo que ela tem.
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Era inexplicável aquela água na boca, salivava sempre que estabelecida contato, fosse por imagem, fosse por diálogo. Já havia me sentido um tanto besta em situações desse tipo, mas nunca havia me sentido como uma pena, eu flutuava (embora fosse um pouco pesada na época) e voava, mesmo sem ter asas. Os cachinhos pretos de seu cabelo me faziam rir, e não conseguia me conter, ficava visivelmente ansiosa pela hora de senti-los em meu rosto. Em algumas imagens que já pudera ver, consegui notar que suas mãos não eram normais. Não, não tinha dedos a mais, tinha apenas dez, o número que eu precisava. Era uma mão grossa, porém delicada, e volte e meia me pegava imaginando como seria tocá-las de leve, e entrelaçar meus cinco dedos com os cinco dele, formando os dez que eu necessitava.

Minha expectativa sobre esse tal cachudinho era tão imensa que me dei ao luxo de querer impressioná-lo. Minha pouca idade e experiência com relacionamentos quase nula me forçaram a estudar sobre inúmeras coisas, para não aparentar ‘infantilidade’ pro tal mãozinha de seda. Sempre gostei de ler, mas estava em uma fase muito preguiçosa, então retomei o gosto pela leitura, deixei a preguiça de lado, e decidi que aqueles cachos bateriam em meu rosto, no de mais ninguém. Não achava que sua companheira era uma má pessoa, mas devido a minha inexperiência, achava-a muito ciumenta, possessiva, e chula, totalmente chula. Percebi então, que não poderia interferir no lindo amor de um casal, quem me daria esse direito? O meu par viria, uma hora ou outra encontraria, mesmo sentindo que meu par era ele, decidi esquecer, ou apenas guardar seus cachinhos em minha caixinha de recordações, foi o que fiz. E lá ficaram por alguns meses.

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Quando o vi pela primeira vez, senti-me como um vibrador. Tremia muito, não sabia pra onde olhar, e tinha medo que ele notasse alguns pontinhos pretos em meu rosto (cravos), então como me era de costume, tentava a qualquer custo esconder o rosto.
Durante o desenrolar da situação, não sabia o que me fazia tão nervosa, era o fato de sentir sua respiração, ou apenas o fato de deletar as expectativas dele sobre mim (se é que existiam). Senti-me uma válvula de escape, há pouco tempo cachudinho abandonara sua companheira de anos, e lá estava eu, inevitavelmente acabando com o amor de um casal feliz. Mulher tem muito dessas coisas né? Pena de suas semelhantes.
Por fim, foi uma semana de felicidade e como eu mesma deduzi na época; de falsidade.
No término da semana, mão de seda voltou para sua amada oficial, e eu voltei a minha vidinha banal. Ah cachudinho, desta vez foi difícil de te guardar na caixinha, como foi!
Mas como sempre exclamei: Tudo é questão de costume! Se acostuma com, se acostuma sem. E mais uma vez foi o que fiz.

Pouco tempo depois, pude conhecer a amada oficial em uma situação constrangedora, e totalmente maluca, mas me ajudou a perceber que ela o amava muito, e mais uma vez me senti como uma válvula de escape, mas desta vez; necessária.
Gosto muito de compreender as pessoas (não que seja uma virtude e nem sempre sou assim, mas se tem uma coisa que gosto de estudar, é isso: pessoas) E compreendi que o amor era muito mais complicado do que eu poderia imaginar, as pessoas se humilhavam por isso, e rastejavam também. Envolvi-me então em uma situação a qual nunca imaginei viver. Cachudinho era a base de um tripé, eu e a amada oficial brincávamos de balançar ‘nas pontas’, e estava sendo divertido.
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Enganei-me. Nem sempre o divertido é o certo, e tomei no traseiro. Perdi desta vez não só o cachudinho, mas como também me expus à rejeição dupla. Determinei então que nunca mais me envolveria com tais pessoas, em tais situações. Segui em frente (porque pra trás estava bloqueado) e retomei o gosto pela vida, pela leitura, pelo estudo de pessoas, pela música, por outros cachudinhos...
Desta vez não o guardei na caixinha, não caberiam, a caixinha deveria ser lacrada, e com os dois lá dentro não seria possível. Envolvi-me com um lisinho, era a simpatia em pessoa, mas não supria a necessidade do mãos de seda, os cachos me faziam uma falta imensa.

Quando dei por mim, não conseguia mais imaginar a face do cachudinho, e não me doía nada sua ausência. Senti-me mais uma vez viva. E daí por diante... Oras, não vem ao caso. O Fato é que as coisas não estão escritas nas estrelas, nem na areia da praia. Estão escritas dentro de nós, nos nossos corações, e quando não apagamos com borracha, ou passamos o líquido branco, elas permanecem ali, para todo e sempre. Os destinos tem ímãs, que atraem cada par ao seu par de origem, os que temos antes de encontrar os pares corretos, são derivações, são treinamentos, aulas teóricas, para posteriormente executarmos.

Encontrei-o novamente quando não procurava por nada, digo de coração, não queria nada com nada. Quando me deparei com o recomeço de algo que poderia dar certo; ou não. Não que eu estivesse quase nos fins dos dias para me arriscar assim, mas depois de concluir esse caso, eu entenderia o verdadeiro sentido do amor, e tudo que ele tem.
Quis praticar esportes, para diminuir meu peso, e também para entender a mente de quem os pratica. Iniciei com a queda livre, me joguei de cabeça e finalmente:
Envolvi-me com o cachudinho. Juntos fizemos as coisas mais loucas que se pode imaginar. Hoje agradeço ao cachudinho por ter interrompido meu contato com o lisinho, hoje os cachos (mesmo que mais curtos) batem em meu rosto, no meu e de mais ninguém. As mãos de seda acariciam as minhas, os seus cinco dedos ficam entrelaçados aos meus outros cinco, e a felicidade que senti durante uma semana, estendeu-se para a vida toda.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Por dentro de mim, eu por dentro, eu dentro de mim.





Dói minha cabeça.
Tá pulsando e fazendo 'tac tac tac', enquanto o relógio faz 'tic tic tic', enquanto minhas mãos e meus pés fazem 'fuuu fuuu fuuu' e enquanto minhas coxas e panturrilhas fazem 'chek chek chek'.
Enquanto meu coração faz 'tum', meus pensamentos fazem um som eletronico, de tantos que são.
Enquanto meu sistema nervoso pulsa e infla, meu sistema odioso transborda de alegria.
Enquanto fico flauteando esperando as coisas no lugar, as coisas se desajeitam ainda mais, BINGO! ponto pro sistema odioso, que alimenta o nervoso e fazem BUM! .