Metade - Oswaldo Montenegro
Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também
____
Lembro de quando me sobrava o tempo, comigo mesma, o que mais gostava de fazer...
Eu me amava, adorava ficar comigo.
Adorava ver filmes comigo, adorava rir comigo, adorava até conversar comigo...
De louco todos temos, mas a verdade é que a solidão é o melhor remédio para colocarmos nossas rodinhas nos trilhos do trem novamente. E se preciso for, retoramos ao trem bala.
Sem mais, sinto tanto que nem sei dizer...
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Sem título, sem sentimentos, cem.
Que saudade da leveza que outrora aqui habitava
Que tristeza constatar que essa leveza transformou-se em angustia, desejos reprimidos, sentimentos reprimidos...
Que dó perceber que o que um dia foi lindo e aspirava um futuro vívido ; morreu
Como podemos engolir nossos orgulhos e voltar à ser algo que nunca almejamos, apenas fomos, éramos, nós, vós, a sós ?
Pagamos com a língua, e se não tomarmos as atitudes corretas a engoliremos e teremos mais uma morte ; trágico
Um passo de cada vez, e dois erros por cada passo ; pisando em ovos
Me faz falta tudo que já tive, e no amanhã que não tarda em chegar, me fará falta tudo que hoje tenho ; sentimento congelado.