domingo, 14 de abril de 2013

Bernadete e os Hormônios - Parte 1

      Bernadete tinha 17 anos, assim como você já teve um dia. Mas para Bernadete, ó doce e ruiva 'Bê', para ela os 17 anos duraram mais de 365 dias.
Morava com sua mãe, Helena, era enfermeira no hospital da cidade e volte e meia tomava uns bons tragos na Av. Thompson, 265.
Seu pai havia morrido em um acidente de carro.
-"Morreu de bêbado que era."
Era o que diziam.
Bê estudava em um bom colégio, na cidade em que vivia desde que nasceu.
Namorava um cara, vez ou outra. E assim seguia cumprindo o pacto que fez a si mesma ; sem compromissos.
Passou a infância e adolescência convivendo com brigas dos pais, era o que o destino tinha reservado pra ela ; repressão.
       Helena era uma boa mãe. Dava de tudo aos filhos, era séria , honesta e infeliz. Bebia feito uma louca no bar da Av. Central da cidade. Era uma vergonha pra sociedade íntegra e comunista em que vivia.
Bernadete fazia o que queria. Estava sempre sozinha em casa e sempre tinha dinheiro da mesada.
Todo dia a tarde, isso se tornou uma rotina com o passar do tempo, abria toda a casebre onde viviam, subia ao sótão, acendia um baseado e de lá escrevia as pampas, em um caderninho de couro, presente de seu pai.
Avistava ao longe o carro de sua mãe se aproximando e iniciava o sua gincana: Apaga o baseado, joga no vaso, passa água na nuca, nos punhos. Perfume. Troca incenso. Liga a TV ; ela chegou.
       - Oi , filha! Tô cansada...
       - Oi, mãe. Estudei e acabei de acordar. Vamos comer fora hoje? tô com uma fome...
       - Não sei não, estamos gastando demais com besteiras.
       - Rodízio de pizzas! Vamos, mãe, eu pago.
     
Bernadete, mesmo com toda sua doçura e inocência, não era tão pura assim.
Perdeu a virgindade aos 14, com um coleguinha da escola. Era só brincadeira, aí ela bebeu... pimba!
Mas ela gostava do que fazia e sabia fazer. Resolveu dar notas aos caras, fez isso em segredo. Escrevia as notas e lançava um comentário de duas linhas, em um caderninho que tem guardado por aí.
          - Quero um hambúrguer, batata frita média e suco de laranja.
          - Mãe, saindo daqui vou me encontrar com o Léo, aquele do terceiro ano. Ele vai me mostrar umas coisas legais hoje na casa dele.
          - Ok, nao vou chegar pro jantar, leve sua chave.

Assim a Bê tinha o direito de ir e vir , como uma adulta independente.
Conheceu Léo em um encontro de amigos. Ele era bonitinho, tinha 22 anos, cursando faculdade, trabalhando. Tinha carro, casa. Mas não tinha o que ela queria.

         - Demorou, hein?
         - Xiu, vamos nadar!

Bê levou Léo até a cachoeira, despiram-se ; comprimiram-se.
Seu corpo branco, ali nu, misturando-se ao corpo de Léo. Que era negro, mais que chocolate.
Foi uma boa transa. Bê deu os sinais de que foi. Deu um tapinha no peito do garoto ao final do coito executado, sentou na beira da cama, acendeu um cigarro e exclamou: - Jesus!
Era o seu bordão: elogiar todo cara com quem trepava.
Ela gostava de iludir e aumentar o ego dos garotos.
"Homem com ego ferido, entristece a humanidade."  - Dizia ela.
Naquela tarde ela não queria mais nada, cigarros, baseados e café! Ah, e um garoto, claro.

[...]





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